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Enquanto a Alfândega impede a saída de pedras preciosas…

…deixamos que saiam os cérebros de nossos cientistas. A comparação feita pelo até então senador Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque, em 2017, durante a Comissão de Ciência e Tecnologia, reflete uma realidade que permeia o Brasil até os dias de hoje: a ida de pesquisadores para o exterior, sem previsão de volta.

A chamada “Fuga de Cérebros” não representa uma fuga real, mas muitas vezes é o reflexo da única alternativa diante das dificuldades estruturais enfrentadas pelos cientistas brasileiros. Desvalorização da profissão, problemas de saúde mental e baixa remuneração estão entre alguns desses desafios. Entretanto, é o financiamento à pesquisa aquele considerado como o “fator x” para o exercício da atividade científica, como é destacado em carta aberta feita por pesquisadores e estudantes brasileiros em junho deste ano. Assim, diante do baixo orçamento nacional, cientistas são levados ao exterior pelas oportunidades de financiamentos internacionais.

A internacionalização da ciência é vista como essencial para a formação dos pesquisadores. O problema está na falta de perspectiva profissional no cenário nacional que viabilize o retorno desses cientistas ao país. Dessa forma, muitos acabam optando por seguir as pesquisas em regiões fortemente caracterizadas por investimentos em ciência. Para aqueles que escolhem seguir no Brasil, a internacionalização também é uma ferramenta de suporte para viabilizar o desenvolvimento da pesquisa, como é o caso de Hipólito Denizard Ferreira Xavier, um dos coordenadores do projeto Vozes da Conservação.

Natural de Fortaleza, Hipólito foi criado parte da vida na capital e parte no interior. Graças ao apoio incansável da família, formou-se em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e é mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Zoologia pelo Museu Nacional (UFRJ). Atualmente, é estudante de doutorado pelo mesmo programa. Toda sua formação e esforço profissional ao longo da última década foram pautados pela conservação de espécies ameaçadas do estado do Ceará, com enfoque nas aves ameaçadas do estado. Atualmente faz parte da equipe do Museu de História Natural do Ceará, sendo um dos coordenadores do Programa de Monitoramento Bioacústico das Aves Ameaçadas do Ceará, o projeto Vozes da Conservação.

Desenvolvido e realizado pelo Museu de História Natural do Ceará Professor Dias da Rocha, da Universidade Estadual do Ceará, o Vozes da Conservação é financiado por organizações como Rainforest Connection e Arbimon. A nível nacional, o projeto recebe apoio também do Núcleo de Estudo e Pesquisa em Animais Silvestres (Nepas) e do Centro Universitário Inta de Sobral (UNINTA). Hipólito Denizard Ferreira Xavier é um dos cientistas envolvidos na pesquisa. Visando contribuir com os Planos de Ação Estadual para Conservação de Espécies Ameaçadas do Ceará, ele explica que “ o projeto tem como objetivo gerar dados sobre as espécies de aves ameaçadas do estado, utilizando o monitoramento bioacústico passivo”.

Em meio aos esforços empreendidos pelos pesquisadores brasileiros para a produção científica no país, a dependência de financiamento internacional ainda é uma realidade na cultura científica brasileira. Sendo, até os dias de hoje, uma das alternativas mais eficientes para o desenvolvimento de pesquisas no território nacional.


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