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Caminhos Locais, Descobertas Universais

A regionalidade é uma das marcas de Bruno Ferreira Guilhon, nome emergente na pesquisa cearense (lattes aqui). Biólogo, formado na Universidade Federal do Ceará (UFC), Guilhon atua como consultor em atividades de licenciamento ambiental e resgate de fauna. Seu trabalho o levou a ser um dos nomes responsáveis pelo desenvolvimento da Lista Vermelha dos répteis e anfíbios ameaçados de extinção do estado do Ceará.

Atualmente, é doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Sistemática, Uso e Conservação da Biodiversidade (PPGSIS-UFC), sendo pesquisador associado ao Laboratório de Recursos Genéticos (LARGEN-UFC). Bruno revela que sua pesquisa envolve mapear doenças emergentes em anfíbios da Caatinga, com foco no monitoramento de infecções de quitridiomicose e ranavirus nas espécies ameaçadas e endêmicas do Ceará. “O intuito da pesquisa é descobrir as áreas e as espécies mais afetadas por essas patologias, assim como compreender os padrões ambientais e biológicos associados a casos de infecções por essas doenças e quais suas rotas de infecção na Caatinga”, explica.

A regionalização das desigualdades socioeconômicas é um dos maiores desafios no tocante à consolidação de políticas públicas que atendam a produção de conhecimento técnico-científico em territórios historicamente marginalizados. Nos últimos sete anos, o orçamento para pesquisa científica no Brasil perdeu mais de R$80 bilhões. No ano de 2022, o valor investido representava o equivalente a cerca de 38% dos recursos disponíveis no ano de 2014.

Estudos revelam que a região sudeste concentra a maior parte dos recursos destinados à pesquisa; além disso, a verba é prioritariamente aplicada em áreas como ciências naturais e ciências exatas. A partir dessa ótica, há décadas convive-se com informações discrepantes sobre o desenvolvimento científico das macrorregiões do país, onde a expressão técnico-científica reflete a realidade dessas áreas.

Uma das estratégias para atenuar as disparidades regionais foi a criação das agências de fomento, entre elas a Fundações de Amparo às Pesquisas (FAPs). As FAPs têm a finalidade de administrar recursos e financiamento de pesquisas voltadas à CT&I e conceder bolsas para a capacitação de pesquisadoras(es), incentivando o desenvolvimento de políticas públicas. Apesar das primeiras FAPs datarem da década de 60, somente em 1989 foram implementadas no Nordeste, tendo chegado em todos os estados da região apenas no ano de 2003. Pode-se inferir, portanto, que o incentivo das FAPs às pesquisas nordestinas ainda está fortemente limitado pela conjuntura política e econômica que governa o país.

Apesar de todas as barreiras históricas, há ciência de qualidade em outros lugares do Brasil. No nordeste, o incremento da produção científica acompanhou o aumento do número de instituições de ensino superior, rompendo com a tradicional e perversa lógica imagética social que entende a região como mera receptora ou personagem para o conhecimento. No Ceará, por exemplo, um levantamento realizado pela Plos Biology revelou que 25 pesquisadores do estado estão na lista dos 160 mil mais influentes do mundo, em suas respectivas áreas; e 17 estão na lista dos mais influentes ao longo de toda a carreira. A lista é referente ao ano de 2022.





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