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NA BOCA DO POVO

De caráter intrinsecamente transformador, a ciência possui grande impacto social. Para furar as bolhas acadêmicas, a divulgação científica assume papel essencial.


 

A sabedoria popular diz que o conhecimento, ao ser dividido, multiplica-se. O método científico é comumente dividido em seis etapas: observação, questionamento, hipótese, experimentação, análise e conclusão. Talvez conviesse adicionar outra fase ao processo - divulgação. Afinal, se a ciência se ocupa do mundo e da sociedade afim de apontar soluções e melhorias, a sapiência por ela adquirida deve também retornar para seus objetos de estudo.


Thatiany Nascimento, jornalista e pesquisadora define-se como uma “entusiasta da divulgação científica”. Para ela, é elementar dar respostas aos anseios da população, demonstrando a relevância das pesquisas e o retorno social que têm. A democratização da ciência, frisa, não se restringe a dizer o que é feito nas universidades, mas também como. Para isso, devem ser tornados transparentes os procedimentos, as metodologias e os resultados, além de serem publicizados os repositórios e as revistas científicas, para que seu conteúdo esteja disponível gratuitamente para acesso e republicação.


“A universidade falha muito porque consegue produzir conhecimento de alto nível, mas não consegue fazer uma transposição dessa linguagem científica de forma acessível para boa parte da população. Grande parte do que é produzido fica no conhecimento dos pares, dos pesquisadores, dos professores universitários, e chega muito pouco à população”, complementa Arimatea Barros Bezerra, professor.

Embora seja de suma importância, a divulgação científica frequentemente não recebe a devida atenção. Não porque não haja o reconhecimento de seu papel transformador, mas, frequentemente, por falta de recursos humanos. “O correto seria termos dentro das universidades agências especializadas em divulgação científica. É muito pesado para nós, pesquisadores, fazer tudo isso e ainda fazer a divulgação científica com a qualidade necessária”, afirma Carlos Paier, professor. Para o pesquisador, o fato de os cientistas terem de exercer múltiplas funções, como dar aulas, escrever projetos, orientar alunos e gerenciar grupos de pesquisa, consome uma grande parcela de tempo que poderia ser utilizada em prol da pesquisa e, consequentemente, da sua divulgação.


Há também uma questão de know-how. A divulgação científica, para ser profícua, necessita de uma linguagem acessível que, muitas vezes, não é dominada pelos próprios produtores daquele conhecimento. A repetição de jargões técnicos, específicos de determinadas áreas, é um fator que afasta a população e mantém aquelas produções restritas à bolha acadêmica. “Quem é cientista não compreende muito o que deve ser publicado, como adaptar aquelas informações para o público em geral, para redes sociais ou para um artigo”, assinala Ana Gardennya Linard, professora e pesquisadora.


Esse cenário evidencia a relevância da atuação dos comunicadores. “O apoio direto da Comunicação, do Jornalismo, é muito necessário”, acrescenta. Para ela, o ideal seria que cada instituto ou grupo de pesquisa tivesse alguém dessa área responsável por fazer a ponte entre os cientistas e a população.

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